quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Nota sobre a fronteira



Estamos vivendo na fronteira entre o Brasil e o Uruguai um momento histórico inigualável.
E, isso só está sendo possível graças aos ventos de liberdade e de democracia que hoje sopram sobre o continente e por essa bandas do pampa.
Hoje temos dois Governos democráticos, resultado da luta dos nossos povos, brasileiros e uruguaios, que tanto padeceram sob o obscurantismo das ditaduras.
É exatamente essa conjuntura política que permite o que estamos construindo nas nossas fronteiras, antes tão esquecidas pelos governos centrais.
Esse movimento, que já existia sem que percebessemos, se iniciou no dia 12 de julho deste ano de 2010, aqui na nossa fronteira tomou vulto, cresceu, e está tomando uma forma de organização que somente o nosso protagonismo, em meio à democracia e a liberdade, pode constituir.
A Carta da Fronteira, entregue aos Presidentes Lula e Mujica, no dia 31 de julho passado, se constitui num marco histórico do nosso protagonismo político e social.
O que aconteceu depois, as reuniões que se realizaram, em Rio Branco, Jaguarão, Melo, e a reunião dos Ministros da Cultura do Brasil e do Uruguai, em Montevideo, que resultou na Declaração de Montevideo, coroa de exito nossa ação, nosso protagonismo.
A 1a. Conferencia Binacional de Cultura, realizada em Rio Branco, Uruguai, a primeira realizada nas Américas de que se tem noticia, é um marco político importantíssimo para a cultura regional. Jamais a esqueceremos. Temos que realizar a 2a., no próximo ano, em outro lugar da nossa fronteira, com muito mais gente, de modo a ampliar o nosso movimento e ganhar força.
Estamos nos organizando, implantando e consolidando as Comissões Binacionais Locais de Cultura, estamos constituindo a Comissão Binacional de Integração Cultural da Fronteira, estamos implantando o Grupo Técnico de Apoio, formado pelas universidades da região, estamos realizando reuniões técnicas e de organização para a implementação dos projetos que vierem a surgir, vamos elaborar um projeto para ser apresentado ao FOCEM, o Fundo do Mercosul, que se constituirá no primeiro projeto cultural a ser apresentado ao Fundo desde a sua criação.
Esse é, portanto, um momento unico, democrático, que tem que ser aprofundado, e essa tarefa cabe a nós e a quantos mais conseguirmos inserir nesse processo.
O modelo participativo que estamos construindo poderá servir de inspiração, quem sabe, para nossos governos federais, para os governos locais, estaduais e municipais, para as organizações sociais e culturais envolvidas, mas, independentemente desse possível referenciamento, temos um compromisso com o nosso processo, com a elaboração de um programa de integração cultura da nossa fronteira, que possibilite aos artistas, aos produtores de cultura, a população, criar e usufruir da criação cultural da nossa gente.
Essa tarefa que temos pela frente não será fácil, será cheia de dificuldades, de voltas, de recuos, mas temos que ser persistentes, saber que estamos construindo um caminho na própria caminhada, aprendendo, e avançando, aprofundando a democracia, para que nunca mais voltemos a viver o que vivemos no passado recente, e a cultura tem esse papel, construir o novo sem esquecer jamais do passado, dos que caíram para que nós estivessemos aqui, agora, dizendo e fazendo o que estamos fazendo.
A assinatura, brevemente, do Protocolo de Cooperação Cultural, entre os Ministérios da Cultura do Brasil e do Uruguai, em alguma data e lugar da nossa fronteira ainda a serem definidos, já é resultado, também, da nossa mobilização, mais um importante marco nesse processo histórico que vivenciamos.
Assim, todos e todas estão convocados a integrar-se nesse projeto comum de integração cultural, nessa agenda positiva da fronteira entre Brasil e Uruguai que, esperamos, possa servir de referencia para outras fronteiras do Mercosul e, quem sabe, da nossa América do Sul.



Foto do Seminário Brasil-Uruguai






Obs.: Quem quiser se integrar a esse projeto pode entrar no http://www.blogger.com/fronteras-culturales@googlegroups.com..


Paulo Brum Ferreira,
Assessor Especial do Ministro da Cultura
Coordenador de Assuntos Parlamentares
Brasília - DF

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