sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pedro Luís Sanches faz conferência para o curso de História

Organizada pelo Laboratório de Estudos sobre Império Romano (LEIR-Unipampa), ocorreu na quarta-feira, 27, a conferência do professor Pedro Luís Machado Sanches, docente do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, intitulada Problemas de atribuição de cerâmica ática antiga: a individualidade estilística frente à transição ou paralelismo técnicos.

A apresentação abordou os principais argumentos de sua recente tese de doutorado pelo departamento de Arqueologia da Universidade de São Paulo (MAE-Usp), voltada para uma revisão de atribuição das características estilísticas nos artefatos de cerâmica ática antiga (entre VI e V a.C.), tendo destacado a importância de um estudo pormenorizado dos exemplares de cerâmica em seus aspectos pictóricos e artísticos. A complexidade do tema foi apresentada aos discentes do curso de História por meio de um debate sobre os desafios e sobre as possibilidades da pesquisa cientifica para esta área, e como vários pesquisadores brasileiros têm oferecido importantes contribuições no ambiente acadêmico nacional e internacional.
O público, composto de discentes do primeiro e terceiro semestres, mostrou-se bastante interessado na forma como a Arqueologia Clássica permite a interpretação de uma peculiar visão de mundo sobre a sociedade grega da Antigüidade, e como o tema proposto pelo professor Pedro concatena-se com as discussões mais recentes em sala de aula – o que tem mostrado a estes a estreita relação entre o Ensino de História e a produção do conhecimento científico na Universidade.
Para tanto, fez-se um questionamento teórico sobre o trabalho do arqueólogo britânico John Davidson Beazley (1885-1970), um incansável estudioso de vasos cerâmicos antigos pintados nas técnicas de figuras negras, vermelhas, ou em policromia sobre fundo branco, cuja obra é um cuidadoso esforço que identificou mais de mil artistas diferentes, após décadas de análises que envolveram cerca de 25 mil vasos cerâmicos inteiros e fragmentados. Desde a publicação definitiva de tais catálogos, e de suas atualizações, entre os anos 1950 e 1970, poucos estudiosos tentaram rever e criticar os resultados do atribuidor.
Dentre as poucas dúvidas levantadas, talvez a mais freqüente seja a hipótese, enfatizada em sua conferência, de que estilos individuais diferentes poderiam corresponder a diferentes fases de um mesmo estilo e vice-versa. Deste modo, o professor apresentou aos discentes do primeiro e terceiros semestres do curso de licenciatura em História que as dificuldades impostas ao artista pela adoção de uma nova técnica poderiam ser capazes de “distorcer um estilo individual” e, em certos casos, a identificação de um “mestre” e de seu “discípulo” - ou diferenças entre exemplares de técnicas distintas e mesma atribuição - constituem problemas para a noção de individualidade artística, ou para as interpretações que dela decorrem. Portanto, fez-se um apelo em sua tese sobre a necessidade de uma revisão dos catálogos de cerâmica antiga a partir de uma leitura que aborde individualmente cada artefato, e que não se submeta cegamente a padrões previamente estabelecidos por Beazley, a despeito da importância de seu legado para a Arqueologia Clássica.
Podemos afirmar que a conferência, cujo debate ultrapassou as duas horas previstas, apresentou um saldo bastante positivo para os discentes do curso de história, e a interação dos mesmos com o conferencista deixou a expectativa de que o Campus Jaguarão será local de vindouros debates acadêmicos que contribuirão enormemente para o enriquecimento da UNIPAMPA.


Rafael Costa Campos para Assessoria de Comunicação Social

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