segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"Insulto aos cabelos brancos"

(Tiago José de Santana Junior/História-Unipampa-Jaguarão).

Estava observando um rito histórico.
A cidade era heróica. A pauta pertinente.
Colocações categóricas dos seus “nobres”, e a tribo em peso foi ver e ouvir as falas e votações. É claro, visto que “O Homem” talvez fosse caçado (esse era o pensamento de todos).
Uma coisa era comum em todos os presentes, seja amigo ou não do “Homem”: garganta seca! A água acabou cedo, pois quando cheguei lá o bebedouro estava só em poeiras.
Acabei bebendo água com gás, cedido pela “Vossa excelência” que, na condição de cidadã normal também ouvia. Não gosto de água com gás, mas bebi para tirar a secura de uma garganta cheia de coisas pra dizer que “esta por aqui” (até a garganta!)!
Duas coisas: secura e desabafos a fazer. Alguém tem água?!!!!!!!
Tudo que ouvi é comum ouvir em todos os lugares com essa funcionalidade. Do Oiapoque ao Chuí defender e caçar para ter o “poder local”, e garantir a “defesa” da “prole” e dos “chegados” é comum. Bens comuns! Abordagem da FUNAI? Não! Isso é uma critica social.
E aproveitando o ensejo, peço aos caciques que foram delegados pela tribo que: zelem pela tribo! O futuro dos heróicos esta nas mãos de “três hominídeos comissionados”, decisão da maioria dos caciques.
Antes da votação algo me chamou atenção: vi um senhor cacique lembrar a história política da tribo. Falava. Falava. Lembrava. Argumentava. Defendia os “seus”. E a sua oralidade não era com técnica, era algo que vinha do coração velho e carimbado de emoções passadas e presentes, e também das que virão por esses dias. Creio que toda tribo sentiu orgulho das histórias que o velho cacique de cabelos brancos contava. Muitos anotavam, pois tinha “civilizadus” no local que estudam e estudavam história de tribos. Os semblantes, que eram apreensivos antes das histórias que o cacique contava, começaram a ficar alegres, extasiados, quase que de alma lavada, devido a história do velho cacique.
Mas ao término da história contada pelo vivido cacique uma coisa me deixou profundamente triste: outro cacique também começou a contar histórias. E as histórias que ele contava eram dotadas de “conhecimento rigoroso”, “métodos”, “arquivos” e verdades inquestionáveis... Mas do nada, ele começou a se enojar do cacique mais velho, insultar o cacique de cabelos brancos, e o que ele fez é um insulto em qualquer tribo, seja tupinambás, guaranis, minuanos, charruas ou até mesmo nos “civilizadus”.
Quando olhei para os brancos cabelos do primeiro cacique que agora estava acuado pela veemência da fala grotesca, e cheia de insultos dirigida pelo outro cacique pude refletir sobre todas essas coisas que escrevi acima.

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