sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Museu Histórico Farroupilha

Esta Ematéria foi publicada originalmente neste Blog no dia 14 de Setembro de 2010 dentro da série Uma República no Pampa. Hoje, dia da entrega da restauração completa do Museu, feita durante o ano de 2011 - e que esteve literalmente abandonado  por sucessivos governos estaduais, e fazendo justiça a dezenas de pessoas que se empenharam pessoalmente nesse tarefa, a republicamos com a satisfação de dever cumprido.
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Uma República no Pampa - III, Um museu em farrapos

  

Depois de proclamada a República, a capital foi instalada em Piratini. No entanto, no decorrer da guerra e por necessidades estratégicas, foi mudando de cidade. Piratini foi capital de 10 de novembro de 1836 a 14 de fevereiro de 1839. Depois foi mudada para Caçapava que sediou a nova república até 22 de março de 1840. Ao final dos combates, já nos tempos do tratado de Ponche Verde, estava sediada em Alegrete. Numa curta passagem de duas semanas por Bagé, nossa cidade pode servir como uma sede provisória do governo da República Farroupilha. Hoje, a casa onde funcionou o Ministério da Guerra em Piratini, sedia o Museu Farroupilha. O museu, que guarda boa parte da história real dos farrapos, está em péssimas condições. Com risco de desabar pela ação de cupins em seu madeiramento mais do que centenário, a casa sofre também com as infiltrações da chuva. Lá estão as condecorações do General Bento Gonçalves, documentos, lanças, espingardas, revólveres, pistolas, espadas, lenços, bandeiras... e muitas telas de pintores famosos que contam a epopeia farrapa. Com verba de aproximadamente um milhão e trezentos mil reais, aprovada junto ao BNDS para sua restauração, o projeto espera apenas a contrapartida de setecentos mil do Governo do Estado do Rio Grande do Sul há mais de dois anos. No entanto, só em desfiles alegóricos, são gastos anualmente mais de um milhão de reais, só na cidade de Porto Alegre, aquela que Bento tomou dos Imperiais logo no início da guerra. Este ano, para “democratizar” esse deboche, foi destinada “parte dessa verba também para alguns desfiles no interior”. Enquanto os gaúchos estiverem assistindo pela televisão o desfile dos “carros alegóricos” (como os do carnaval) transportando cavalos de isopor, espadas de plástico e lanças de cabo de vassoura, no desfile da capital, os objetos reais, ainda marcados pelo sangue dos farrapos, estarão apodrecendo ou sendo furtados do Museu Farroupilha. É... parece que não damos sorte com os impérios... Aos gaúchos resta esperar que apareça em algum momento um novo General Bento Gonçalves que olhe com atenção para nossa história verdadeira e valorize os dez anos de luta dos farrapos pela liberdade, pela república e pelo fim da exploração. Faço minhas as palavras de Netto no campo dos Meneses: Viva a República Rio-grandense!
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Nota: Conheça e entenda a situação do Museu
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1819 - a família de Bento Gonçalves da Silva constroi o prédio
1835 – sedia o Ministério da Guerra durante o período em que Piratini foi capital da República Rio-grandense
1837 - a parte térrea, passa a abrigar a primeira escola pública da República Rio-grandense, fundada por Domingos José de Almeida
1952 - o prédio é tombado pelo Governo Federal
1952 - o prédio é doado por Florisbelo Cândido de Farias ao Estado do Rio Grande do Sul, que promove a restauração do imóvel
1953 - é escolhido como sede oficial do Museu Histórico Farroupilha
2007 - Iniciam os “modernos” desfiles farroupilhas em Porto Alegre e é contratado o carnavalesco Joãozinho Trinta, do Rio de Janeiro, para ensinar os gaúchos a organizá-los.
2007 - duas empresas, “ATO Produção Cultural” e “Arquitetos e Projetos”, por sugestão do IPHAN e com a autorização da Secretária de Cultura Mônica Leal, fazem o projeto de restauração do prédio do Museu.
2008 - o projeto é aprovado pelo MinC / Lei Rouanet. Essa aprovação possibilita à empresas que patrocinarem o projeto 100% de isenção fiscal oferecida pelo governo federal.
2008 - o BNDES acena com 2/3 do valor do projeto, desde que o governo do RS assuma 1/3 do valor. O Banrisul e a CEEE já têm todos os recursos comprometidos com outros projetos
2008 - são furtadas várias espadas do museu Farroupilha, entre elas, uma de Bento Gonçalves.
2008 - novamente furtadas mais de 30 peças entre revólveres e pistolas do Museu Farroupilha.
2009 - o BNDES reafirma o seu compromisso de aportar um milhão e trezentos mil reais, enquanto o governo do RS se compromete com os 736 mil reais que completam o montante necessário
2010 - o patrocínio anunciado pelo governado do RS não é confirmado, enquanto o montante do BNDES está disponível, com contrato assinado.
2010 - como faz todos os anos o governo do RS divulga amplamente pela imprensa a mobilização de aproximadamente mais de um milhão de reais entre verbas públicas e patrocínio da iniciativa privada para custear o "Desfile Farroupilha", desta vez distribuindo parte do dinheiro para outras cidades do interior.
2010 - a situação do Museu se agrava a cada dia que passa, colocando em risco relíquias verdadeiras pertencentes à história da Guerra dos Farrapos.
2010, 20 de Setembro – milhares de gaúchos sairão às ruas, pilchados, para assistir o desfile farroupilha sem saber que o Museu que guarda a sua história está em farrapos...
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2011 - Governo do Estado finalmente garante a contrapartida, faz a restauração e os gaúchos têm seu Museu Farroupilha de volta
 
Fonte:http://velhaguardacarloskluwe.blogspot.com/

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